segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pesquisa sobre população com diploma universitário deixa o Brasil em último lugar entre 36 países

 







Para concorrer em pé de igualdade com as potenciais mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior. Levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria, a partir de relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), coloca o Brasil no último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos. Os números se referem a 2008 e indicam que apenas 11% dos brasileiros nessa faixa etária têm diploma universitário. Entre os países da OCDE, a média (28%) é mais do que o dobro da brasileira. O Chile, por exemplo, tem 24%, e a Rússia, 54%. O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, disse que já houve uma evolução dessa taxa desde 2008 e destacou que o número anual de formandos triplicou no país na ultima década.
“Como saímos de um patamar muito baixo, a nossa evolução, apesar de ser significativa, ainda está distante da meta que um país como o nosso precisa ter”, avalia. Para Costa, esse cenário é fruto de um gargalo que existe entre os ensinos médio e o superior. A inclusão dos jovens na escola cresceu, mas não foi acompanhada pelo aumento de vagas nas universidades, especialmente as públicas. “ Isso [acabar com o gargalo] se faz com ampliação de vagas e nós começamos a acabar com esse funil que existia”, afirmou ele.
Costa lembra que o próximo Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como meta chegar a 33% da população de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior até 2020. Segundo ele, esse patamar está, atualmente, próximo de 17%. Para isso será preciso ampliar os atuais programas de acesso ao ensino superior, como o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que aumentou o número de vagas nessas instituições, o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece aos alunos de baixa renda bolsas de estudo em instituições de ensino privadas e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), que permite ao estudantes financiar as mensalidades do curso e só começar a quitar a dívida depois da formatura. “O importante é que o ensino superior, hoje, está na agenda do brasileiro, das famílias de todas as classes. Antes, isso se restringia a poucos. Observamos que as pessoas desejam e sabem que o ensino superior está ao seu alcance por diversos mecanismos", disse o secretário.
Os números da OCDE mostram que, na maioria dos países, é entre os jovens de 25 a 34 anos que se verifica os maiores percentuais de pessoas com formação superior. Na Coreia do Sul, por exemplo, 58% da população nessa faixa etária concluiu pelo menos um curso universitário, enquanto entre os mais velhos, de 55 a 64 anos, esse patamar cai para 12%. No Brasil, quase não há variação entre as diferentes faixas etárias. O diagnóstico da pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e especialista no tema Elizabeth Balbachevsky é que essa situação é reflexo dos resultados ruins do ensino médio. Menos da metade dos jovens de 15 a 17 anos está cursando o ensino médio. A maioria ou ainda não saiu do ensino fundamental ou abandonou os estudos. “Ao contrário desses países emergentes, a população jovem que consegue terminar o ensino médio no Brasil [e que teria condições de avançar para o ensino superior] é muito pequena”.
Como 75% das vagas em cursos superiores estão nas instituições privadas, Elizabeth defende que a questão financeira ainda influencia o acesso. “Na China, as vagas do ensino superior são todas particulares. Na Rússia, uma parte importante das matrículas é paga, mas esses países desenvolveram um esquema sofisticado de financiamento e apoio ao estudante. O modelo de ensinos superior público e gratuito para todos, independentemente das condições da família, é um modelo que tem se mostrado inviável em muitos países”, comparou ela.
A defasagem em relação outros países é um indicador de que os programas de inclusão terão que ser ampliados. Segundo Costa, ainda há espaço – e demanda – para esse crescimento. Na última edição do ProUni, por exemplo, 1 milhão de candidatos se inscreveram para disputar as 123 mil bolsas ofertadas. Elizabeth sugere que os critérios de renda para participação no programa sejam menos limitadores, para incluir outros segmentos da sociedade. “Os dados mostram que vamos ter que ser muito mais ágeis, como estamos sendo, fazer esse movimento com muita rapidez porque, infelizmente, nós perdemos quase um século de investimento em educação. A história nos mostra que a Europa e outras nações como os Estados Unidos e, mais recentemente, os países asiáticos avançaram porque apostaram decididamente na educação. O Brasil decidiu isso nos últimos anos e agora trabalha para saldar essa dívida”, disse a pesquisadora.
Agência Brasil

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Negros são mais atingidos por abandono e repetência escolar



Abandono e repetência escolar afetam mais os estudantes negros, segundo o Relatório Anual das Desigualdades Sociais 2009-2010, divulgado nesta terça-feira no Rio. A avaliação de jovens de 15 a 17 anos mostra que 8 em cada 10 estudantes pretos e pardos estavam cursando séries abaixo de sua idade, ou tinham abandonado o colégio. Entre os brancos, 66% dos estudantes estavam na mesma situação. Na população de 11 a 14 anos, 55,3% dos jovens brasileiros não estavam na série correta em 2008. Entre os jovens pretos e pardos, essa  proporção chega a 62,3%, bem acima dos estudantes brancos (45,7%). "Mais uma vez, os dados também refletem que o problema de repetência e abandono, ao longo das coortes etárias, incide de forma desproporcional sobre os pretos e pardos", diz o relatório.


O estudo acentua que é justamente dos 11 aos 14 anos a fase em que crianças e jovens começam a abandonar a escola, daí a gravidade dessa questão. Desenvolvido pelo Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do  Rio de Janeiro), o relatório evidencia que a população branca com idade superior a 15 anos tinha, em 2008, 1,5 ano de estudo a mais do que a negra. Se comparado ao quadro de 1988, essa diferença entre brancos e negros pouco mudou. Naquela época, os brancos tinham 1,6 ano de estudo a mais, em média. Atualmente, a população preta ou parda com mais de 15 anos tinha 6,5 anos de estudos em 2008, ante 3,6 anos em 1988. Entre os brancos, houve um salto de 5,2 anos para 8,3 anos de estudos.
CIRILO JUNIOR DO RIO

segunda-feira, 18 de abril de 2011

''País não investe o suficiente em pré-escola''

ENTREVISTA - economista e especialista em educação
Mariana Mandelli




A legislação brasileira define que, até 2016, todas as crianças com idades entre 4 e 17 anos devem estar na escola - antes, apenas o ensino fundamental, que vai de 6 a 14 anos, era obrigatório. O Brasil, no entanto, ainda está longe de investir recursos suficientes na fase inicial da educação, a pré-escola, afirma o pesquisador em educação Ernesto Martins Faria. Essa é uma das conclusões de Lições em Educação: Parte I - Pré-Escola e Fluxo Escolar Adequado, levantamento que fez com base no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) - coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mede o desempenho escolar dos estudantes de 65  nações, entre membros da própria organização e países convidados. De acordo com a pesquisa de Faria, enquanto no Brasil a média de alunos que nunca frequentou a pré-escola é de 19,94%, entre os países da OCDE esse valor cai para 8,39%. A pesquisa conta com comentários de especialistas em educação
Por que o Brasil está tão abaixo da média dos países da OCDE?
O grupo de países que compõem a OCDE é um grupo bom, com uma boa média. Mais de 90% dos jovens que estudam nessas nações cursaram a pré-escola. Os dados mostram que não estamos caminhando como deveríamos. A cultura de pré-escola ainda é recente no Brasil. Ainda não nos atentamos devidamente a isso.
Por que é tão importante o aluno frequentar a pré-escola?
A pré-escola ajuda a criança de classe mais baixa - que normalmente tem pais com baixa escolaridade e, por essa razão, aprende menos nos primeiros anos de vida - a corrigir essa defasagem quando ingressar no ensino fundamental. Além disso, para a escola de fundamental, a dificuldade em trabalhar com a criança que chega defasada é muito maior, porque o colégio tem de saber lidar com o básico que a criança não sabe, além de oferecer o currículo tradicional. É mais viável financeiramente oferecer a pré-escola do que tentar corrigir depois o tempo perdido.
Por que ainda não enxergamos isso?
Os gastos com educação no Brasil aumentaram consideravelmente nos últimos anos. No entanto, a atenção foi dada àquilo que era obrigatório por lei - o ensino fundamental. É muito difícil mudar uma situação estagnada há tanto tempo de uma hora para outra.
Na sua opinião, qual é a solução para aumentar a pré-escola no País?
Os dados têm mostrado que atualmente os gastos não são suficientes para atender toda a demanda. Por isso, é fundamental aumentá-los. Educação é investimento e precisamos entender isso. Ela tem de ser levada a sério como instrumento para acabar com a exclusão social. O aluno que frequenta a pré-escola chega mais preparado para cursar o ensino fundamental. Além disso, cursá-la tem um impacto na escolaridade média. Temos que cortar o mal pela raiz.

domingo, 17 de abril de 2011

Convocação ao Seminário de Educação da UBES

 
Nos dias 2 e 3 de maio acontece em Brasília o Seminário de Educação da UBES com as proposta de aprofundar o debate no projeto de lei do novo Plano Nacional de Educação (PNE), cujas diretrizes foram elaboradas em 2010 pelo movimento educacional durante a Conferência Nacional da Educação (Conae).

Foram aprovadas resoluções dentro do movimento estudantil que são emendas para alterar a proposta final apresentada pelo Ministério da Educação ao Congresso Nacional. Durante o seminário a UBES irá debater as suas 59 emendas ao PNE, que já foram mostradas por meio  de parlamentares de partidos que já se comprometeram com as reivindicações dos estudantes.

Entre elas, há duas questões que se destacam: a demanda de que a meta de investimento em educação seja de 10% do PIB e a batalha por 50% do Fundo Social do pré-sal para Educação.

A UBES aproveitará o seminário também para convocar a Semana Nacional de Passagem em Sala de Aula onde todos os grêmios divulgaram essas emendas para um debate mais amplo.
No dia 4 de maio, a UBES pretende reunir cerca de 300 pessoas para uma Blitz na Câmara dos Deputados mostrando nossas emendas aos deputados que ainda não aderiram as reivindicações.

Convocamos a todos estudantes do país a aderirem essa causa e divulgarem em suas escolas.

Para maiores informações:

Ariana Souza
Cel: 11 - 6462-1315
E-mail: ariana.andre@gmail.com

Gabrielle D'Almeida
Cel: 11 - 7035-4267
E-mail: gaby.ubes@gmail.com
UBES

quarta-feira, 13 de abril de 2011

59º CONEG convoca Congresso Nacional da UNE para 13 a 17 de julho, em Goiânia


O principal fórum de deliberação do movimento estudantil foi convocado no domingo (10), durante a plenária final do 59º Conselho Nacional de Entidades Gerais, que reuniu mais de 500 lideranças de DCEs, UEEs e Executivas de cursos de todo o Brasil





O 52º Congresso Nacional da UNE (CONUNE) já tem data e local definidos. Será em Goiânia, de 13 a 17 de julho e deverá reunir mais de 10 mil estudantes de todas as regiões do país. O principal fórum de deliberação do movimento estudantil foi convocado no domingo (10), durante a plenária final do 59º Conselho Nacional de Entidades Gerais, encontro que foi realizado no último fim de semana em São Paulo, na Universidade Paulista (Unip), e teve a participação de mais de 500 lideranças de DCEs, UEEs e Executivas de cursos de todo o Brasil.

O CONUNE é um evento realizado de dois em dois anos em que, a partir da votação, elegem-se o novo presidente e a composição da nova diretoria da entidade para traçar as linhas de atuações políticas do próximo biênio. Os espaços do Congresso são abertos a todos, mas têm direito a voto apenas os delegados - estudantes que, a partir de uma votação nas suas universidades são eleitos para representar os alunos da instituição no Congresso.

A Comissão Nacional de Eleição, Credenciamento e Organização (CNECO), composta pelos membros eleitos durante esta plenária do CONEG, tem como uma de suas funções organizar esse processo de eleição dos delegados dentro das universidades. Eles também se reúnem durante os meses que antecedem o Congresso para verificar o andamento do evento. (Confira aqui os nomes dos membros eleitos para a CNECO).

É importante ressaltar que para o CONUNE acontecer em vias democráticas foi votado durante a plenária final um regimento que regulamenta o processo eleitoral e o funcionamento do evento. (Leia aqui o regimento e saiba como participar do CONUNE).

CONEG aprova resoluções importantes para o próximo período
Reunidos na "cidade dos mil povos", lideranças estudantis de todo país aprofundaram ainda mais o debate sobre as políticas e estratégias de ação que irão orientar a luta do movimento estudantil brasileiro por uma educação de qualidade para todos.




Durante os dias 08 e 09, o CONEG realizou mais de 15 grupos de debates, além de uma grande conferência com o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que serviram de base para a elaboração de resoluções, votadas pelos delegados na plenária final.

As cartas do I Seminário de Assistência Estudantil e da convocação do 52º CONUNE, além de seu regimento, as moções propostas pelos presentes e os membros da Comissão Nacional de Eleição, Credenciamento e Organização (CNECO) foram aprovados, entoando um grande CONEG rumo a mais um Congresso da UNE.

A primeira atividade do 59º CONEG, o Seminário de Assistência Estudantil, aconteceu na sexta-feira (08), para discutir uma nova diretriz para as políticas de assistência estudantil no Brasil. E a UNE, entendendo que a educação é um direito de todos e dever do Estado, elaborou uma carta deste I Seminário de Assistência Estudantil a ser aprovada na plenária final, no domingo (10).

Por unanimidade, os estudantes aprovaram a carta, que deixa claro que as políticas de assistências devem ser vistas como um direito social e como a garantia política de cidadania. Devem, acima de tudo, estar inseridas na práxis acadêmica, com ações articuladas com o ensino, a pesquisa e a extensão.

A carta também enumera uma série de políticas públicas, essenciais para a permanência do estudante na universidade, como creches, reprodução livre de livros, e etc. (Confira aqui a íntegra desta carta).




Já a carta de convocação do 52º CONUNE foi discutida para representar a entidade e mobilizar milhões de estudantes do país em defesa de uma educação de qualidade para todos. Duas propostas foram defendidas durante a plenária final; a proposta de número dois foi aprovada pela maioria. (Leia aqui a carta de convocação)

Vale ressaltar que o objetivo da carta é levar a cada sala de aula o debate de uma universidade antenada com os desafios dos estudantes para os próximos anos, elaborados durante o CONUNE, em julho.

Moções aprovadas durante a plenária final
Além de formularem resoluções e propostas consensuais, os estudantes aprovam série de moções referente às universidades, ao movimento estudantil, ao transporte público e às políticas de assistências estudantis.

Este ano, foram 12 moções aprovadas que variam desde a construção de um Seminário Nacional de Meio Ambiente da UNE, até perseguições políticas na UNICAMP e consórcio universitário. (Leia aqui todas as moções aprovadas durante o CONEG).

Serviço:
O que? 52º Congresso da UNE (CONUNE)
Quando? 13 a 17 de julho
Onde? Goiânia
Informações: 52conune@une.org.br

une

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Em Brasília, a Jornada de Lutas continua



Audiência entre estudantes e governo do DF teve como pauta ampliação de direitos e melhoria no sistema de transporte público.

Foi realizada na última sexta feira uma audiência pública para debater avanços no projeto de passe livre do Distrito Federal. Líderes estudantis, secretários de Governo, parlamentares e cerca de 500 estudantes secundaristas e universitários estavam presentes. O balanço da reunião foi positivo: os estudantes terão direito, em breve, a recarregar seus cartões nas próprias escolas, que atestarão suas frequências.

Os representantes das entidades estudantis presentes, como a UNE, UBES e o Movimento Passe Livre, exigiram dos representantes do governo que os estudantes participem da reformulação do sistema de distribuição do passe livre estudantil. Os representantes do movimento estudantil salientaram de forma veemente durante as suas intervenções a importância do controle do Estado sobre a distribuição do passe e, ao mesmo tempo, a extinção da empresa fácil - pertencente aos mesmos donos das empresas de transporte-, representante de um sistema que tem em sua essência, apenas, o favorecimento das grandes empresas de transporte do Distrito Federal.

“A fácil deve ser retirada do sistema de distribuição do passe. Essa distribuição tem que ser feita pelo Estado, via online, para facilitar a vida de tantos estudantes que estão cansados de esperar horas e horas na fila para recarregar o cartão de passe.” Diz Tiago Cardoso, diretor da União Nacional dos Estudantes. Para André João Costa, diretor da UBES “a luta histórica pelo passe livre está colocada em risco, dada a falta de prioridade do governo para esse tema e a forte repressão de algumas direções de escola’’.

Os beneficiários, no entanto, têm mais pontos em sua pauta de reivindicações, como a ampliação do uso do passe livre para permitir o acesso também a atividades culturais e de lazer, inclusive aos finais de semana. O secretário de Educação interino, Erasto Fortes, manifestou apoio à proposta de ampliação do passe livre para finais de semana. "A educação não está apenas no trajeto de casa para a escola, como também nas atividades sociais desenvolvidas pelos estudantes", defendeu o secretário.

O saldo da Audiência foi positivo, levando em conta o intenso diálogo entre os estudantes e os legisladores presentes, fato que favorece a formulação de um sistema que realmente vá de encontro com os interesses dos estudantes brasilienses. Embora a existência de uma audiência com grande participação do segmento estudantil nos deixa otimistas e por se tratar de outra conjuntura muito diferente daquela que encontrávamos na gestão de José Roberto Arruda, sabemos que ainda existe muita resistência em se garantir o passe livre irrestrito, luta histórica dos estudantes em todo o Brasil. Porém, o movimento estudantil da capital federal continuará combativo em torno desta reinvidicação e não descansará enquanto ela não for atendida.