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Chinês de olho nos jumentos do Nordeste - alimentação e cosmético |
Os
asininos brasileiros estão sobrando nos estados que vão da Bahia até o
Rio Grande do Norte. O aquecimento da economia brasileira, graças ao
crédito fácil e ao financiamento a perder de vista, encheu as cidades
nordestinas, inclusive as do interior, de motocicletas, além de ter
aumentado a utilização de máquinas pesadas nas lavouras e nas fazendas
de gado. Como consequência, os jegues estão sendo subutilizados no
trabalho pesado e no transporte.
Os
chineses, com tino comercial de milênios, não demoraram a perceber que
poderiam tirar proveito dessa situação. Empresários percorreram as
fazendas e sítios nordestinos oferecendo crédito para quem se dedicar à
criação desses animais para exportação. Como o jegue está abandonado
pelas vias e rodovias do Nordeste, a proposta ganhou ares de negócio da
China. Criar jegue é muito fácil, não dá trabalho nenhum.
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Jegues estão sendo trocados por motos e tratores no NE |
Ambientalistas
já colocaram um abaixo-assinado na internet protestando contra mais
esse atentado aos animais. O número de assinaturas já passa de cinco mil
e os argumentos utilizados nas redes sociais são inacreditáveis. Alguns
deles chegam a manifestar ódio profundo pelos chineses: “esses
comedores de cachorro e de burro”. As autoridades do Rio Grande do
Norte, que se manifestaram favoráveis ao projeto, estão sendo execradas
em tempo integral: “eles defendem isso porque não é a mãe deles...”.
Como
o número de adeptos ao manifesto é muito grande, e deve aumentar ainda
mais, é possível supor que entre os revoltados encontram-se, certamente,
contumazes apreciadores de carne bovina, de carneiro, de bode, de peixe
etc. Muitos desses rebeldes adoram uma agradável almoço numa
churrascaria, à base de picanha bovina e lombo suíno...
Alguns
desses missivistas chegam a criticar o povo indiano porque uma boa
parte da população morre de fome, mas não pode comer carne bovina, pois o
boi é considerado um animal sagrado. Para os revoltados, “não dá pra
entender a ignorância dos indianos”. Agora, os chineses, que não tem
nenhuma adoração pelo jumento, não podem ter a pretensão de
industrializar a carne de jegue. São execrados nas redes sociais.
É
compreensível o respeito e o carinho pelos animais. Ser contra a
matança deles é atitude louvável. Agora, não dá pra entender as
contradições de pessoas que se dizem defensores da ética, mas na
realidade estão sendo simplesmente moralistas.
Nessa
discussão, apenas naturalistas, vegetarianos e os religiosos que
condenam o uso da carne como alimento teriam direito a erguer a voz. A
rigor, só esses cidadãos poderiam assinar o protesto contra a exportação
de jumentos para a China. Quem defende, ou mesmo se cala diante da
matança e exportação de bovinos, suínos e outros animais, não pode ser
contra a comercialização de jumento para outros países... É muita
incoerência.
Condenamos
a matança de baleias, espécie em risco de extinção. Agora, se o
bacalhau – aquela carne supimpa! – estiver correndo risco de sumir dos
mares da Noruega ou de Portugal, teremos que ser contra sua pesca, pelo
mesmo motivo.
Não
é aceitável que se pouse de bonzinho, protetor dos animais, na
internet, nas redes sociais, carregando tanta incoerência e contradição
no mundo real. O mundo virtual não pode ser um refúgio para as nossas
fraquezas e limitações.ZECA BLOG
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